15 de Março de 2013

RUGAS
Paco Roca
Bertrand Editora, Março 2013
104 págs., tetracromia
16,60 euros

Em continuidade com as apostas seguras de editoras sem grande tradição na publicação de bd, chegou hoje às lojas, pela mão da Bertrand Editora, a tradução portuguesa de "Arrugas" de Paco Roca. Multipremiada e já com uma adaptação ao cinema de animação, "Rugas" é a história de Emílio, um idoso que se vê internado num lar de idosos após desenvolver a doença de Alzheimer. Para um flashback doloroso, é só clicar na imagem.

11 de Março de 2013

"Being in love is not what I expected."
SKIM
Mariko Tamaki & Jillian Tamaki
Groundwork Books, 2010
144 págs., P&B

Skim é o nome pelo qual Kim Cameron é chamada pelos colegas. Não se trata de um trocadilho inteligente, é simplesmente uma forma adolescente de evidenciar e ridicularizar alguém que não faz parte da norma.
Kim tem 16 anos, excesso de peso e os seus pais estão (rancorosamente) divorciados. Ela e a sua melhor amiga, Lisa, a prototípica adolescente rebelde, pertencem à religião Wicca e são, aos olhos dos outros, "góticas". Quando o namorado de uma das suas colegas comete suicídio, a vida de Kim parece querer enveredar pelos mesmos caminhos do suicida.
A morte de alguém, mesmo que de um desconhecido, ecoa na vida de Kim e inicia um processo de auto-descoberta que lhe permite crescer e questionar o papel dos outros na sua vida. 
O fantasma do suicídio atravessa a narrativa. As suas causas e repercussões são força motriz da história. A reacção à morte e ao amor é tema comum às diversas personagens e a variedade de opções perante uma mesma situação é muito bem explorada. É de pequenos pormenores que as irmãs Tamaki constroem um pequeno universo de relações. Tantos os diálogos certeiros de Mariko como o desenho "solto" de Jillian retratam fidedignamente os diversos aspectos da adolescência: as dúvidas, a indecisão, a pressão de pares e a absoluta (des)confiança do que se é capaz.

10 de Março de 2013

COMICS: PHILOSOPHY & PRACTICE
18 a 20 de Maio de 2012
University of Chicago

O ano passado, a Universidade de Chicago organizou uma conferência de 3 dias sobre banda desenhada. Para isso contou com 17 cartunistas - uma espécie de lista de autores essenciais contemporâneos - que através de uma série de palestras, conversas, painéis e workshops, exploravam a natureza, o passado e o futuro da bd. Claramente académico, o que não agrada a todos, não deixa de ser uma iniciativa que apetece imitar.
Para se ter uma noção dos autores convidados e dos temas discutidos é só seguir o link da imagem e/ou perder algum tempo a ver os vídeos em baixo.





6 de Março de 2013

O décimo círculo.
MALDITOS CARTUNISTAS
Daniel Garcia & Daniel Paiva
Canal Brasil, Documentário, 2012
13 episódios, 12 minutos

"Malditos Cartunistas" é um documentário idealizado por Daniel Garcia e Daniel Paiva que retrata a profissão no Brasil desde o início dos anos 60 até à contemporaneidade, contando com depoimentos de quatro gerações de cartunistas brasileiros que relatam as suas experiências e perspectivas sobre a profissão.
O ano passado, o Canal Brasil optou pelo desdobramento do documentário em 13 episódios com novas entrevistas e imagens que não constavam do original de 2011.
Felizmente para os telespectadores que não puderam ver o documentário na "telinha" e para aqueles que não residem do outro lado do Atlântico, o sítio do Canal Brasil disponibilizou online e (quase) na íntegra  os 13 episódios (é só clicar na imagem). Para os que ainda não estão convencidos deixo o trailer para tirar quaisquer dúvidas.

5 de Março de 2013

CRÓNICAS DE ARQUITECTURA
Pedro Burgos
Turbina/Mundo Fantasma, 2013
28 págs., P&B
7,99 euros

Sábado, dia 9, é inaugurada na galeria da livraria Mundo Fantasma a exposição "Crónicas da Arquitectura" composta por originais de Pedro Burgos que foram publicados no Jornal Arquitectos na sua "Crónica Desenhada". A exposição é acompanhada pelo lançamento do livro homónimo (e giclée!), editado pela Turbina Associação Cultural com chancela da Mundo Fantasma.

4 de Março de 2013

"I Yam What I Yam."
READING THE FUNNIES
Donald Phelps
Fantagraphic Books, 2001
300 págs., capa mole

O início do século XX é uma época marcante da história da banda desenhada. Nesta altura, ainda na sua infância, a exploração e a inovação nesta nova arte eram constantes que rapidamente se cristalizavam em cânones aceites. Obras como Gasoline Alley, Thimble Theater e Dick Tracy - representadas na capa - e outras eram lidas diariamente na imprensa por milhões de pessoas. Estas comic strips -  de onde deriva, malogradamente, a nossa designação de banda desenhada (adaptada do francês) - ocupavam diariamente um espaço privilegiado de divulgação.
Com o tempo muitas foram esquecidas pelo público geral,  mas outras perduraram sob outras formas (por exemplo, Dick Tracy, Popeye e Little Orphan Annie e as suas adaptações à animação e cinema e até musical de Broadway), adaptando-se às novas exigências do público.
O recente redescobrimento destas obras, com o patrocínio de autores de relevo e sustentado por uma nostalgia crescente, trouxe estas obras de volta à ribalta, em formatos mais apetecíveis: edições de luxo de capa dura que comemoram a qualidade e originalidade das obras clássicas.
Donald Phelps é um entusiasta. A sua escrita denuncia-o. A descrição de situações, a escolha de certas palavras que fariam um crítico mais "sério", aquele que supostamente se distancia emocionalmente da obra que analisa, estremecer a proferi-las. O seu olhar académico mas encantado, é minucioso e competente, e a seriedade com que escreve não se discute. Contudo, é esta abordagem académica, com o seu complexo sistema de referências, nem sempre actuais ou contextualizadas, que acaba por tornar a leitura menos fluída, entrecortando o que o crítico pretende realmente evidenciar e, até certo ponto, marginalizar o leitor.
Embora alguns dos autores e personagens abordados sejam universalmente conhecidos, outros não o são e para nos facilitar a vida, o texto é acompanhado por excertos das bds em análise. A escolha dos excertos poderia ter sido mais criteriosa, o texto entra por vezes em descrições poéticas de cenas que, infelizmente, o leitor terá que imaginar.
Apesar destas críticas e outras menores (erros ortográficos, trocas de imagens e formatação de texto), o livro consegue transmitir-nos o entusiasmo de Phelps pelas obras analisadas e cumpre bem um papel de divulgação de obras  que ainda se mantêm interessantes mesmo após quase um século.