9 de Agosto de 2016

"Praise be to the Cog!"
BRASS SUN #1-6
Ian Edginton & I.N.J. Culbard
2000 AD, 2014
208 págs., tetracromia, floppy

Nem de propósito, ainda o outro dia (ontem, mesmo) estava a falar de 2000 AD, o hebdomário lendário de banda desenhada de ficção científica que está quase a fazer 40 anos de existência. Segundo a tradição, algumas das serializações da revista acabam por ser colectadas e publicadas num formato mais apetecível ao mercado livreiro (à esquerda, a capa da colecção de capa dura).
Ao contrário das expectativas, a 2000 AD decidiu, julgo que só nos Estados Unidos, adoptar o formato do comic americano para alguns dos seus sucessos mais recentes. Brass Sun é um desses sucessos, na altura que saiu na América já havia material suficiente para o triplo dos números publicados.
Resumindo, o sol de um sistema solar artificial está a funcionar mal e, ao contrário dos dogmas do seu mundo e dos outros a visitar, Wren, motivada pelo sacrifício do seu avô, procura uma forma de recolher os vários componentes de uma chave que deverá reiniciar o astro metálico. Para isso, conta com a ajuda de Septimus, membro de uma ordem religiosa responsável pelo transporte entre mundos, e outros párias que acabam por se juntar (temporariamente) à sua senda.
Sediadas num forte ambiente clockpunk, as representações dos mecanismos e funcionamento deste universo são um dos pontos altos desta bd, juntamente com o desabrochar da relação entre Wren e Septimus. Dito isto, há algumas coisas que me incomodaram.
Primeiro, o formato. É mais do que claro pela quantidade de espaço desaproveitado em termos de página publicada que a adaptação ao formato americano foi tudo menos isso - tratou-se mais de uma transladação. Embora a redução dê algum solidificar à linha desenhada, o corpo do texto sofre e não é o melhor para uma leitura fácil.
E por falar em texto, é compreensível que a introdução de uma nova história, personagens e universo peça um discurso mais descritivo, mas a verdade é que acabou por ser algo "palavroso" sem beneficiar a narrativa.
Mais, ao contrário do que escrevi sobre a economia de linha de Culbard em Wild's End, este trabalho parece-me mais apressado e nota-se que, certamente devido às exigências da publicação original, foi necessário obviar o pormenor desnecessário, mas isso acaba por se ressentir na qualidade da bd.
Fora estes pormenores (pormaiores?), estes primeiros 6 números apresentam-nos uma história interessante que prefacia algo maior. Espero que os pequenos defeitos expostos possam ser ultrapassados de forma a que se faça justiça ao universo diverso e original de Brass Sun.

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